Novo streaming traz inédito com Björk e autorais
Agora que até gigantes do porte da Warner decidiram lançar grandes produções diretamente em streaming, distribuidoras de pequeno porte começam a expandir a oferta de filmes que tiveram circulação restrita nos cinemas ou permaneceram inéditos.
A Supo Mungan Plus iniciou o serviço nesta semana com 30 títulos do catálogo da distribuidora especializada em cinema independente e autoral. O valor da assinatura mensal será de R$ 23,90 e a plataforma oferece sete dias de degustação.
Confira os inéditos e alguns destaques já disponíveis no catálogo:
“Quando Éramos Bruxas” (Nietzchka Keene, Islândia, 1990)
Quase todo mundo só conhece o trabalho, como atriz, da cantora islandesa Björk em “Dançando no Escuro”, onde ela comeu o pão que o diabo amassou diante e atrás das cameras, sumetida aos métodos heterodoxos da direção de Lars von Trier. Uma década antes de cruzar o tapete vermelho para abocanhar um prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, Björk protagonizou a produção islandesa “Quando Éramos Bruxas”. O filme, adaptado de um conto dos Irmãos Grimm, narra o drama de duas irmãs obrigadas a fugir de uma vila, depois que a mãe delas é condenada à fogueira sob a acusação de feitiçaria. A fotografia em preto-e-branco evoca as imagens de três mestres do cinema nórdico: Bergman, Dreyer e Sjöstrom.
“Wendy e Lucy” (Kelly Reichardt, EUA, 2008)
Um dos grandes pequenos filmes dos anos 2000, o terceiro longa de Kelly Reichardt confirmou a capacidade da realizadora norte-americana de capturar os efeitos do colapso social da perspectiva dos deserdados. A caminho do Alasca e de melhores oportunidades, Wendy (Michelle Williams, sublime), mantém um último e único vínculo com a fidelíssima cadela Lucy. A degradação dos laços sociais e a instabilidade como padrão da existência já eram sinais evidentes do que estava por vir. Só não viu quem não quis.
“Bird People” (Pascale Ferran, França, 2014)
O longa mais recente da filmografia rarefeita da francesa Pascale Ferran ficou inédito no Brasil, apesar da repercussão obtida pela excelente releitura de “O Amante de Lady Chatterley” realizada pela diretora em 2006. As duas partes aparentemente desconectadas de “Bird People” propõem examinar como sujeitos, situados em lugares opostas da escada social, respondem de modo equivalente a um mundo em que tudo se esvai.
“Em Trânsito” (Christian Petzold, Alemanha, 2018)
Quem não conhece o clássico “Casablanca”, aquele no qual refugiados tomam uns drinques no bar de Humphrey Bogart enquanto “esperam, esperam e esperam” a obtenção de um visto para escapar das garras no nazismo? O cineasta alemão Christian Petzold atualizou esse sentimento de não pertencimento em sua adaptação do romance publicado na plena atualidade de 1944 pela escritora germânica Anna Seghers. No filme de 2018, a situação de fuga e perseguição é a mesma, embora estejamos em pleno século 21. Com este curto-circuito entre passado e presente, Petzold demonstra que quando algo muda é para que tudo continue como está.
“Verão 1993” (Carla Simón, Espanha, 2017)
Que significado pode ter a palavra “morte” para uma criança? Filmar a infância e suas descobertas é a aposta que a diretora espanhola Carla Simón faz e ganha em seu delicioso primeiro longa, premiado como melhor trabalho de estreia no Festival de Berlim de 2017. A doçura das imagens e o frescor das atuações do elenco infantil tornam marcante esta fábula que Simón inspira-se em suas experiências sem, por isso, ficar refém do narcisismo.
“Daphne” (Peter Mackie Burns, Reino Unido, 2017)
O premiado desempenho de Emily Beecham é o principal atrativo deste retrato de mulher aos 30. Daphne é uma auxiliar de cozinha que sonha em se tornar subchefe. A direção sem floreios do escocês Peter Mackie Burns apreende o esforço e o desperdício das energias da personagem, e a atuação de Beecham expõe suas ilusões e verdades de um modo cru.
“Rua Secreta” (Vivian Qu, China, 2013)
O longa de estreia da chinesa Vivian Qu combina o fantástico com o realismo para conseguir o que os melhores cineastas chineses sabem fazer: críticas agudas ao regime. “Rua Secreta” aproxima Li, jovem cartógrafo que faz bicos como instalador de cameras de vigilância, e uma garota enigmática, que o atrai e em seguida desaparece, como as mulheres fatais dos antigos filmes noir. A descoberta de um “outro lado” na ordem urbana aproxima o filme do universo de Kafka, mostrando como o poder se disfarça para melhor controlar.
“1945” (Ferenc Török, Hungria, 2017)
Como representar o Holocausto depois de tantas décadas em que o nazismo e sua política de extermínio se cristalizaram como sinônimo do mal? O húngaro Ferenc Török desvia-se das imagens do horror, já excessivamente exploradas, para mostrar aspectos menos difundidos desse trágico episódio. O retorno, ao final da Segunda Guerra, de uma dupla de judeus sobreviventes à pequena aldeia onde viviam revela, por meio de sutilezas, como a ideia de mal absoluta apaga a banalidade do mal, este que se encontra no cotidiano, nos valores reproduzidos e, sobretudo, na escolha de um grupo para carregar a culpa.
Outros títulos disponíveis na Supo Mungan Plus:
“Exótica” (Atom Egoyan, Canadá, 1994)
“O Desejo da Minha Alma” (Masakazu Sugita, Japão, 2014)
“A Camareira” (Lila Avilés, México, 2018)
“O Doce Amanhã” (Atom Egoyan, Canadá, 1997)
“Como Você É” (Miles Joris-Peyrafitte, EUA, 2016)
“La Sapienza” (Eugène Green, França, 2014)
“O Ano de 1985” (Yen Tan, EUA, 2018)
“O Professor Substituto” (Sébastien Marnier, França, 2018)
“A Filha” (Simon Stone, Austrália, 2015)
“Body” (Malgorzata Szumowska, Polônia, 2015)
“O Filho de Joseph” (Eugène Green, França, 2016)
“Eu, Olga Hepnarová” (Petr Kazda e Tomás Weinreb, República Tcheca, 2016)
“Propriedade Privada” (Joachim Lafosse, Bélgica, 2006)
“Aqueles que Ficaram” (Barnabás Tóth, Hungria, 2019)
“Autorretrato de uma Filha Obediente” (Ana Lungu, Romênia, 2015)
“Top Girl ou a Deformação Profissional” (Tatjana Turanskyj, Alemanha, 2014)
“Irmã”(Zach Clark, EUA, 2016)
“Yuki & Nina” (Nobuhiro Suwa e Hippolyte Girardot, França/Japão, 2009)
“La Vanité” (Lionel Baier, Suíça, 2015)
“Nico, 1988” (Susanna Nicchiarelli, Itália, 2017)
“Um Homem Fiel” (Louis Garrel, França, 2018)
“Dois Rémi, Dois” (Pierre Léon, França, 2015)
onde: Supo Mungan Plus
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