Homossexual, comunista, ateu e… futeboleiro
Homossexual, comunista, ateu e… futeboleiro. O poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini foi um homem de paradoxos e dedicou sua vida e sua acuidade intelectual a interpretar e a nos alertar das contradições que nos condenariam a recuar ao estágio de sofisticada barbárie.
Numa época em que o aspecto físico do esporte era encarado com desconfiança (senão com preguiça) pelos intelectuais, Pasolini ousou definir o futebol como “a última representação sagrada do nosso tempo”.
O documentário “A Última Partida de Pasolini” recupera as imagens do jogo do qual o cineasta e poeta participou, em 14 de setembro de 1975, pouco mais de um mês antes de seu corpo, trucidado, ter sido encontrado nas areias de Ostia, nos arredores de Roma. O trabalho do diretor italiano Giordano Viozzi em parceria com o professor de literatura e filólogo Francesco Anzivin é a atração de encerramento do 11º Cinefoot – Festival de Cinema de Futebol.
A paixão pelo futebol não era, apenas, uma faceta a mais da rica personalidade moral e mental de Pasolini. “A Última Partida de Pasolini”, segundo declarou o diretor Viozzi em entrevista ao jornal italiano “Il Manifesto”, usa o futebol como pretexto para “descrever o contexto em que o poeta friuliano se movia: a Itália de meados dos anos 1970 vista, prioritariamente, da periferia”.
“O que fascina no pensamento de Pasolini é sua extrema lucidez. Pela clarividência com tanto recuo, eu ousaria mesmo adotar o termo ‘premonição’”, ressalta o realizador do documentário ao ser indagado acerca daquilo que Pasolini viu acontecer nas periferias italianas e que hoje alcança escala global.
“A Última Partida de Pasolini”
Diretor: Giordano Viozzi
Itália, 2019, 62 min
Onde assistir: Innsaei.TV
De 27/11, às 20h30, até 29/11, às 19h
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