A África agora, lá e em todo lugar

Cássio Starling Carlos

Dona carrinho de mão. O apelido de Mati vem do fato de ela rodar todo dia o mercado Sandaga, área de comércio popular em Dacar, capital do Senegal. Ali, ela é conhecida como Madame Brouette. O nome pode soar chique em francês, mas em português é sinônimo de vida dura. Divorciada, ela sonha em abrir um restaurante e viver com dignidade ao lado da filha, Ndèye, e da amigona Ndaxté, que também se livrou de um marido violento. Até que Naago, um policial sedutor, cruza seu caminho e a coloca no meio de uma encrenca.

“Madame Brouette”, produção senegalesa de 2002 dirigida por Moussa Sène Absa é o título desta semana da Mostra Cine África. Além dos filmes, o projeto disponibilizou entrevistas de Sène Absa e de outros seis realizadores, cujos trabalhos já foram exibidos. Todas as quintas estreia um novo filme na Cine África, que fica disponível até a quarta da semana seguinte.

Onde: Cine África [até 28/10]

 

Outra oportunidade de conhecer o cinema produzido tanto na África como nas múltiplas culturas fertilizadas pela diáspora africana é o 13º Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul. O nome do evento homenageia o ator, cineasta, produtor e roteirista pioneiro da representatividade no audiovisual brasileiro. Até 30/10, os filmes serão exibidos gratuitamente, mas em horários definidos.

Confira alguns destaques:

 

“Tab”

O curta da sul-africana Hlumela Matika acompanha duas meninas que, ao desobedecerem ao pai rigoroso, descobrem algo novo em seus corpos e no mundo.

25/10, às 15h30

 

“Pequena África”

O documentário filmado por Zózimo Bulbul em 2002 retrata a região no centro do Rio assim conhecida por ter sido, de 1730 até 1920, um dos espaços de maior concentração de escravos e de descendentes de africanos.

23/10, às 15h30

 

“Trough the Night”

Ao filmar o cotidiano de uma creche em New Rochelle, Nova York, a afro-dominicana Loira Limbal captura as condições de vida de mulheres que se desdobram entre empregos precários, turnos contínuos e semanas de sete dias sem descanso.

24/10, às 20h30

 

“I’m Living in Ghana Get me Out of Here”

Multipremiada em festivais, a animação da diretora Comfort Arthur inverte a lógica migratória para tratar com humor as dificuldades de uma personagem que tenta imigrar de Londres para Gana.

25/10, às 13h

onde: Innsaei.TV

 

 

Nosso cardápio de produções africanas não poderia deixar de fora as raridades fresquinhas que a Mostra de Cinema de São Paulo exibe de hoje até 4/11. Selecionamos três destaques:

 

“Impedimento em Cartum”

Filmes africanos na Mostra
“Impedimento em Cartum”, de Marwa Zein (Foto Divulgação)

O praticamente desconhecido cinema do Sudão tem vivido uma fase de florescimento. Este documentário revela a atitude insurgente de mulheres que gostam de futebol em um país em que há pouco espaço para a liberdade feminina.

 

“Isso Não É um Enterro, É uma Ressurreição”

Filmes africanos na Mostra
“Isso Não É um Enterro, É uma Ressurreição” (Foto Divulgação)

O elogiadíssimo drama de Lesoto utiliza o estranhamento do formato 4:3 –janela de projeção equivalente à tela de celular– para limitar o campo de visão. Assim, a história de envelhecimento e de perdas em uma pequena comunidade rural solicita nossa imaginação para completar o que as imagens apenas sugerem.

 

 

“Eyimofe (Este É Meu Desejo)”

Filmes africanos na Mostra
“Eyimofe (Este É Meu Desejo)”, dos irmãos Arie Chuko Esiri (Foto Divulgação)

O cinema nigeriano não se resume aos filmes de ação e aos dramas novelescos de Nollywood. Este drama dirigido pelos gêmeos Arie e Chuko Esiri divide-se em duas metades. Em cada uma, os desejos e frustrações de quem deseja emigrar se entrelaça com a contemporaneidade de uma das tantas Áfricas que ainda desconhecemos.

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